Museu da Fotografia de Marraquexe: O Tesouro Que Muitos Turistas Ignoram

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Museu da Fotografia
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Museu da Fotografia de Marraquexe é, para mim, uma experiência única, que se destaca de imediato de outros pontos culturais da cidade.

Enquanto o Palácio da Bahia nos deslumbra com a sua riqueza, ou o Museu de Marraquexe impressiona pela arquitetura, este museu conquista-me de uma forma muito mais pessoal e silenciosa.

Aqui, a história não se vê nos mosaicos ou nos tetos de cedro, está nos olhos das pessoas retratadas nas paredes.

É uma viagem íntima pela alma de um Marrocos que já não existe, capturado entre 1870 e 1960.

Cada sala deste riad restaurado conta uma história diferente, desde as paisagens áridas das montanhas Atlas até ao dia a dia vibrante das antigas medinas.

E quando penso que a imersão cultural está completa, o museu revela a sua última surpresa, um terraço com uma vista panorâmica que, na minha opinião, supera muitas outras na cidade.

Neste artigo, vou partilhar todas as dicas práticas para que aproveite ao máximo a sua visita ao Museu da Fotografia.

Desde as fotografias que não pode perder até ao melhor momento para subir ao terraço e absorver a magia de Marraquexe.

O Que Torna o Museu da Fotografia de Marraquexe Especial?

Museu da Fotografia
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O Museu da Fotografia de Marraquexe é especial por oferecer uma experiência dupla e única que o distingue de outras atrações na cidade.

1. É um Refúgio Emocional e uma Máquina do Tempo

A principal razão é o contraste imediato que proporciona.

Ao entrar, troca-se o caos vibrante dos souks por um oásis de silêncio e calma. Esta sensação de encontrar um santuário secreto é o primeiro grande impacto.

Lá dentro, o museu funciona como uma janela para a alma de um Marrocos que já não existe.

As fotografias, datadas de 1870 a 1960, não são apenas imagens; são histórias poderosas de rostos, paisagens e tradições.

É impossível não sentir uma ligação profunda com o passado, quase como se estivéssemos a espreitar por uma fresta do tempo.

2. Culmina Num Terraço com Vistas Inesquecíveis

Depois da viagem emocional pelas exposições, a experiência no Museu da Fotografia culmina no seu famoso terraço.

Este espaço oferece uma das vistas panorâmicas mais espetaculares e tranquilas sobre a Medina e os Montes Atlas.

Ao contrário de outros terraços mais movimentados, este é um lugar de paz, perfeito para absorver a beleza da cidade.

É a combinação destas duas facetas – a imersão cultural íntima e a vista inspiradora – que torna esta visita uma experiência verdadeiramente inesquecível.

A História do Museu da Fotografia: Uma Aventura Para Salvar a Memória de Marrocos

Museu da Fotografia
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O Museu da Fotografia não nasceu de uma decisão governamental ou de um grande investimento institucional.

Nasceu de uma forma muito mais bonita: da paixão e da urgência de dois amigos, o marroquino Hamid Mergani e o francês Patrick Manac’h.

No início dos anos 2000, eles perceberam que um tesouro incrível estava a desaparecer.

Fotografias antigas, placas de vidro frágeis e negativos que documentavam a vida em Marrocos estavam a ser perdidos, esquecidos em caixas ou vendidos sem critério

Então, eles lançaram-se numa verdadeira aventura: uma caça ao tesouro por todo o país para resgatar este património.

A sua missão era movida por um profundo amor pela cultura marroquina, com o objetivo de mostrar a “extraordinária diversidade” de Marrocos.

O acervo que vemos hoje é o resultado dessa busca incansável, enriquecido também por doações importantes de outras coleções privadas.

Para nós, que visitamos hoje, o resultado é um privilégio: uma janela íntima para a alma de Marrocos, tornada possível pela visão e dedicação destes dois homens.

Como é a Visita ao Museu da Fotografia? Uma Viagem Pelas Salas e Pelo Tempo

Ao entrar no Museu da Fotografia, a primeira coisa que vai sentir é a mudança de ritmo.

Deixe o ruído da Medina para trás e entre num pátio sereno, onde a luz filtrada e a arquitetura do riad criam uma atmosfera de tranquilidade imediata.

A visita é um percurso ascendente, tanto física como metaforicamente, que o leva numa viagem pela história de Marrocos.

Os Primeiros Andares: O Desvendar de um Marrocos Perdido

Museu da Fotografia
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As salas dos pisos inferiores do Museu da Fotografia são o coração da coleção permanente.

Não espere um museu convencional, com vitrines impessoais.

Aqui, as paredes estão repletas de fotografias a preto e branco que são janelas diretas para o passado.

O ambiente é intimista, quase silencioso, convidando a uma observação atenta.

Vai encontrar imagens poderosas que documentam as primeiras expedições europeias ao interior de Marrocos.

São paisagens áridas e montanhosas que parecem de outro planeta, captadas com uma clareza impressionante.

Perto delas, há retratos que nos encaram com uma dignidade incrível.

Chefes tribais berberes, mulheres com joias complexas, crianças a brincar nas ruelas de kasbahs antigas.

Cada rosto conta uma história.

Para mim, o que torna esta parte fascinante é a diversidade, numa sala pode estar a ver a construção de uma ponte em Marraquexe no início do século XX; na seguinte, mergulha na vida das comunidades judaicas de Essaouira.

O Museu da Fotografia não se limita a Marraquexe; é um retrato de todo um país.

Não passe à pressa pelos pequenos tesouros, repare nas placas de vidro originais, expostas com uma iluminação cuidada que revela todos os seus detalhes.

Leia as legendas dos postais antigos, que mostram como os europeus viam Marrocos na era colonial.

Estes objetos, em conjunto, pintam um quadro muito mais rico e complexo do que apenas as fotografias sozinhas.

A Sala de Projeção do Museu da Fotografia: O Momento em que a História Ganha Cor e Movimento

Museu da Fotografia
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A meio do percurso, vai encontrar uma sala pequena, com alguns bancos.

Não a salte, porque aqui passa em loop uma verdadeira joia: o documentário a cores de 1957, “Paisagens e Rostos do Alto Atlas”, de Daniel Chicault.

Aconselho vivamente a parar e a dedicar-lhe uns minutos.

Depois de ter visto dezenas de imagens estáticas e a preto e branco, ver este filme é um momento de pura magia.

As cores vibrantes dos trajes, o movimento dos mercados, os sorrisos e os gestos das pessoas que filmou nas montanhas… tudo ganha vida.

O filme transporta-nos de forma imediata para o coração da cultura berbere daquela época.

É uma experiência imersiva que conecta todos os pontos e enriquece profundamente o resto da visita.

O Último Piso do Museu da Fotografia: Exposições Temporárias e a Antecipação do Terraço

Museu da Fotografia
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O piso superior do Museu da Fotografia é geralmente dedicado a exposições temporárias, o que significa que há sempre algo novo para descobrir a cada visita.

Muitas vezes, apresentam fotógrafos contemporâneos que dialogam com o acervo histórico, criando pontes interessantes entre o passado e o presente de Marrocos.

É também aqui que começamos a sentir a proximidade do céu, a luz torna-se mais intensa, e as escadas finais levam-nos à recompensa que todos esperam: o terraço.

Mas antes de subir, aproveite este último momento de contemplação.

A jornada pelas salas preparou-o para ver a cidade lá fora com outros olhos, com um maior apreço pela história que se esconde em cada telhado e em cada ruela.

O Terraço do Museu da Fotografia: A Vista Panorâmica Que Realmente Vale a Visita?

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A resposta é um sim absoluto.

Na verdade, o terraço do Museu da Fotografia, por si só, já justificaria o preço do bilhete.

Depois da viagem silenciosa e introspectiva pelas fotografias, subir o último lanço de escadas e sair para a luz do sol é uma sensação libertadora.

É a recompensa perfeita.

A vista de 360° é, sem exagero, uma das melhores de toda a Medina de Marraquexe. À sua frente estende-se um labirinto de telhados de terracota, pontuado aqui e ali pelos minaretes verdes das mesquitas.

Consegue-se ver a vida da cidade de uma perspetiva privilegiada e calma.

Em dias de céu limpo, o espetáculo torna-se ainda mais grandioso: a cordilheira do Atlas ergue-se no horizonte, com os picos muitas vezes cobertos de neve, num contraste brutal com o calor da cidade.

O que realmente o distingue é a sua atmosfera de paz. Ao contrário dos terraços ruidosos e apinhados perto da Praça Jemaa el-Fna, aqui reina a tranquilidade.

Há apenas o som suave do vento e o eco distante da vida da Medina.

A minha dica de ouro é subir ao final da tarde. Peça um chá de menta fresco, sente-se numa das cadeiras e espere.

Quando a luz dourada do pôr do sol banha a cidade e a chamada para a oração começa a ecoar pelos telhados, vai viver um daqueles momentos mágicos e autênticos que definem uma viagem a Marraquexe.

Guia Prático: Como Chegar ao Museu da Fotografia, Horários e Preços

Museu da Fotografia
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Para que a sua visita corra na perfeição, aqui ficam todas as informações práticas, diretas e atualizadas.

  • Como Chegar (A Minha Dica Para Não Se Perder):
    O Museu da Fotografia fica na Rue Ahl Fes, 46, no coração da Medina Norte. A melhor forma de lá chegar é a pé. A partir da Praça Jemaa el-Fna, é uma caminhada de cerca de 15 minutos.
  • O meu conselho: use o Google Maps no telemóvel em modo pedestre. As placas melhoraram, mas perder-se um pouco faz parte da aventura. Não hesite em perguntar aos lojistas por “Maison de la Photographie”.
  • Horário de Funcionamento:
    Uma grande vantagem é que está aberto todos os dias da semana, das 9:30 às 19:00, o que facilita muito o planeamento.
  • Preços de Entrada para o Museu da Fotografia:
    • Adultos: 60 MAD (cerca de 6€).
    • Menores de 15 anos: Entrada gratuita, o que o torna uma excelente opção para famílias.
  • Acessibilidade (Nota Importante):
    Tenha em atenção que o museu está instalado num riad tradicional. O acesso aos vários pisos e, crucialmente, ao terraço, é feito exclusivamente por escadas. Não há elevador.
Museu da Fotografia
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O Roteiro Perfeito a Pé: O Dia dos Museus na Medina Norte

Pela minha vivência no terreno, a localização do Museu da Fotografia é, sem dúvida, um dos seus grandes trunfos.

Está no coração da Medina Norte, a poucos passos de outras joias culturais, o que lhe permite criar um roteiro perfeito, sem grandes caminhadas.

Aqui fica a minha sugestão para um “Dia dos Museus” cultural, tudo a pé e que seguem a melhor ordem de proximidade:

1. Comece no Museu da Fotografia (9h30 – 11h)

Chegue cedo para aproveitar a tranquilidade e a luz da manhã. Faça a visita com calma, absorva cada imagem e termine com um chá de menta no terraço. Para mim, é um dos melhores sítios para observar a cidade a acordar e planear os próximos passos.

2. Siga para a Madrassa Ben Youssef (11h – 12h30)

A uma caminhada de apenas 5 a 10 minutos do museu, vai encontrar a Madrassa Ben Youssef. Prepare-se para ficar de queixo caído! Esta antiga escola corânica é, na minha opinião, a obra-prima da arquitetura de Marraquexe, com detalhes em estuque e mosaicos (zellige) de uma beleza avassaladora.

Pausa para Almoço (a partir das 12h30/13h)

Chegou a hora de almoçar. Está no sítio perfeito para isso! Explore os souks adjacentes, como o Souk Cherifia, e suba a um dos muitos restaurantes de telhado que ali se escondem. Vai ter uma vista incrível e um almoço delicioso!

3. Explore o Museu de Marraquexe e a Koubba Almorávida (Pós-Almoço)

Museu de Marraquexe fica a um curto passeio da Madrassa Ben Youssef, alojado no belíssimo Palácio Mnebhi, e oferece um complemento interessante à sua manhã cultural.

Depois, mesmo em frente à Madrassa, não ignore o pequeno edifício com uma cúpula: é a Koubba Almorávida, o único monumento que resta da dinastia que fundou a cidade. É uma paragem rápida, sim, mas historicamente muito significativa.

4. Visita ao Museu da Mulher (Para Aprofundar)

Para quem quer aprofundar ainda mais a cultura marroquina, o Museu da Mulher também está nesta zona da Medina Norte. É um pequeno museu que eu recomendo vivamente. Apresenta a história e a arte das mulheres marroquinas de uma forma muito autêntica e inspiradora.

5. Refúgio no Jardim Secreto (Para uma Pausa Tranquila)

Depois de toda esta imersão cultural, se precisar de uma pausa das multidões e do ritmo da Medina, o Jardim Secreto fica a um curto passeio. Para mim, é o refúgio perfeito para descansar e recarregar energias. Adoro a tranquilidade que se sente lá dentro.

Opcional: Uma Paragem no Dar El Bacha (Museu das Confluências)

Se o tempo permitir e ainda tiver energia, o Museu Dar El Bacha (Museu das Confluências) é outra joia que vale a pena conhecer nesta mesma zona. É um antigo palácio com uma arquitetura deslumbrante e exposições culturais. Lá dentro tem o Bacha Coffee, um dos cafés mais famosos de Marraquexe.

Por fim, vá até um dos terraços da Praça Jemaa el-Fna para um chá de menta e o pôr do sol.

É uma excelente forma de terminar o seu Dia dos Museus na Medina Norte.

Museu da Fotografia de Marraquexe: 7 Perguntas Frequentes

Museu da Fotografia
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Aqui ficam as respostas diretas às dúvidas mais comuns para planear a sua visita a este museu.

1. Qual é a morada e quão difícil é encontrar o Museu da Fotografia de Marraquexe?
A morada é Rue Ahl Fes, 46, na Medina Norte. Sim, encontrá-lo pode ser um pequeno desafio, mas faz parte da aventura. A minha dica é usar o Google Maps e seguir as placas para “Maison de la Photographie”. Não tenha receio de perguntar, a maioria das pessoas ajuda com um sorriso.

2. O Museu da Fotografia de Marraquexe é acessível para pessoas com mobilidade reduzida?
Não. Esta é uma informação muito importante. O museu está num riad antigo e não tem elevador. O acesso aos pisos superiores e ao terraço é feito apenas por escadas, o que o torna inadequado para quem usa cadeira de rodas ou tem dificuldades de locomoção.

3. O bilhete para o Museu da Fotografia de Marraquexe vale a pena só pela vista do terraço?
Sim, na minha opinião, vale. Com os 60 MAD (cerca de 5,50€), não só tem acesso a uma coleção incrível, como também a um dos terraços mais tranquilos e com as melhores vistas da cidade, onde não há consumo mínimo obrigatório.

4. O Museu da Fotografia de Marraquexe é uma boa opção para visitar com crianças?
Sim, é uma excelente escolha para famílias. A visita é muito visual e, mais importante, a entrada é gratuita para menores de 15 anos, o que é uma grande vantagem. O terraço é também um espaço seguro para eles relaxarem um pouco.

5. Qual a melhor hora para visitar o Museu da Fotografia de Marraquexe e evitar multidões?
Para uma experiência mais calma, especialmente no terraço, o ideal é visitar logo de manhã, à abertura (9:30), ou a meio da tarde (entre as 15:00 e as 16:30). O final da tarde atrai mais gente por causa da luz do pôr do sol.

6. Posso tirar fotografias no interior do Museu da Fotografia de Marraquexe?
Sim, pode fotografar à vontade para uso pessoal, tanto as exposições como o edifício. A única regra, e é uma regra de ouro, é não usar o flash, para proteger as fotografias originais, que são muito sensíveis à luz.

7. As explicações no Museu da Fotografia de Marraquexe estão em português?
Não, as legendas e textos de apoio não estão em português. Estão em árabe, francês e inglês. No entanto, a linguagem é bastante acessível e suficiente para compreender o contexto histórico e a importância de cada peça.

Museu da Fotografia
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Conclusão: Uma Memória Gravada a Luz e Sombra

Há lugares que visitamos e há lugares que ficam connosco.

O Museu da Fotografia de Marraquexe pertence, sem dúvida, à segunda categoria.

Não sairá de lá a pensar apenas nas fotografias que viu, mas na sensação de paz que encontrou no meio do caos.

A memória que levará consigo será a do silêncio das salas, dos rostos que o encararam do passado e, finalmente, daquela vista espetacular do terraço, com Marraquexe a seus pés.

Um verdadeiro refúgio que, tenho a certeza, também se tornará um dos seus segredos preferidos em Marraquexe.

Se esta visita despertou ainda mais a sua curiosidade pela arte e história marroquinas, não deixe de espreitar o meu guia dos melhores museus de Marraquexe para mais descobertas.

Obrigado por ter lido este artigo.

Continue a explorar os meus artigos, pois há muito mais para descobrir nesta cidade fascinante.

 

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